segunda-feira, 29 de março de 2010

Gafe, terrorismo e Afeganistão

Por Nilton Carvalho

O ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush esteve no Haiti ao lado do democrata Bill Clinton, que coordena o fundo de ajuda privado às vítimas do terremoto ocorrido em janeiro. Mesmo após ter deixado a Casa Branca, Bush continua aprontando suas tradicionais gafes. Desta vez, um vídeo flagrou o ex-presidente limpando a mão na camisa de Bill Clinton depois de ter cumprimentado um haitiano.
Vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=gI05S53ZKKI

Moscou acordou sob duas explosões no metrô que deixaram, pelo menos, 36 mortos. O serviço de inteligência russo, FSB, antiga KGB, alegou que os ataques estão ligados aos grupos separatistas que atuam na região da Tchetchênia, uma república do Cáucaso. A segurança no metrô de Moscou foi reforçada e o presidente Dmitri Medvedev disse que irá continuar combatendo o terrorismo sem hesitar.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chegou ontem a Cabul, no Afeganistão, para uma vista surpresa. Recebido pelo presidente afegão, Hamid Karzai, Obama se reuniu no gabinete presidencial com Karzai e autoridades norte-americanas. O presidente Barack Obama está em alta após conseguir a aprovação da reforma de saúde. Mas, em relação à presença militar dos Estados Unidos no Afeganistão, tem recebido opiniões divididas.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Um jornalismo diferente

O repórter fictício Ernesto Varela entrentrevistando o político Paulo Maluf


Por Nilton Carvalho

O jornalista, em sua essência, deve informar, conectar o homem aos principais fatos ocorridos no mundo e também prestar serviços à sociedade. Em meio aos princípios e deveres do jornalismo, na longínqua década de sessenta, eis que surge um estilo envolvente e criativo de se redigir uma notícia, o jornalismo gonzo. Inicialmente capitaneado por Hunter Stockton Thompson (1937 – 2005), a nova abordagem ganhou vertentes em diversos países.

O envolvimento profundo do jornalista na história e um texto bem elaborado são características fundamentais no jornalismo gonzo. Outro fator que caracteriza o estilo são as boas doses de humor e sarcasmo nas entrevistas, que se tornaram ferramentas poderosas na exposição de um determinado fato. No Brasil, este tipo de entrevista ficou famosa com o repórter – e também ator, diretor e apresentador – Marcelo Tas, que possui em seu repertório uma grande influência do estilo gonzo.

Durante os anos oitenta, na produtora Olhar Eletrônico, Marcelo Tas fazia o papel de um repórter fictício chamado Ernesto Varela. O personagem entrevistava personalidades e, principalmente, políticos. No entanto, as entrevistas eram recheadas de perguntas inusitadas e ousadas que, na maioria das vezes, desconcertava os entrevistados.
Hoje, Marcelo Tas apresenta o programa CQC na TV Bandeirantes. O trabalho atual sofreu influência do saudoso repórter Ernesto Varela. Nesse estilo de entrevista, não há limites para ousadia e criatividade, os ingredientes principais na receita do jornalismo gonzo.

terça-feira, 16 de março de 2010

Ilha do suspense

Mark Ruffalo e Leonardo DiCaprio no filme "Ilha do medo"

Por Nilton Carvalho

O novo filme de Martin Scorsese, Ilha do medo, cujo protagonista é Leonardo DiCaprio, estreou nos cinemas brasileiros na última sexta-feira, 12 de março. O longa é baseado no livro homônimo do escritor Dennis Lehane, conhecido por seus romances policiais no estilo Edgar Allan Poe.

Scorsese e DiCaprio já estiveram juntos em outros trabalhos como Gangues de Nova Iorque, O aviador e Os infiltrados. Mas, em Ilha do medo, a dupla decidiu apostar num projeto mais ousado. Na trama, DiCaprio é o agente federal Teddy Daniels, que vai até um hospital psiquiátrico, localizado numa ilha, para desvendar o sumiço de uma paciente.

Entretanto, uma série de acontecimentos colocam em xeque o que realmente está acontecendo no hospital. No filme, o agente sonha com seu passado e, entre memórias e realidade, tenta escapar do inevitável. Tudo parece suspeito e o desfecho imprevisível, o que leva o público a querer desvendar o mistério também.

O onirismo pelo qual o agente federal vivido por DiCaprio atravessa dividiu um pouco a crítica, mas, é peça fundamental no longa com pitadas de noir dirigido por Scorsese. Uma história onde há diversas possibilidades e apenas um final. O derradeiro instante em que o mistério é esclarecido, revelando a realidade e os delírios por trás do suspense. A parceria entre Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio continua rendendo bons frutos.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Eleições e o espetáculo das inaugurações

Por Nilton Carvalho

A corrida pela presidência da república já começou. Os potenciais candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) apostam em inaugurações de obras para conquistarem o voto popular. De acordo com a reportagem publicada nesta terça feira, 9 de março, pela “Folha de São Paulo”, os candidatos querem entregar seus projetos antes da data de afastamento dos cargos.

O afastamento dos cargos permite que os candidatos se dediquem exclusivamente às suas campanhas, mas, os presidenciáveis já anteciparam a corrida eleitoral. A data de afastamento está prevista para o dia 3 de abril e tanto Serra quanto Dilma estão com as agendas recheadas de inaugurações.

Em São Paulo, o governador José Serra aposta na expansão da Linha 4 do Metrô e no trecho sul do Rodoanel para gabaritar sua competência. Já a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, joga todas as fichas em obras de saneamento e habitação do PAC para mostrar aos eleitores sua liderança.

Tudo indica que Serra e Dilma, candidatos com grandes possibilidades de decidirem as eleições no segundo turno, desejam crescer em intenção de voto. As recentes declarações de Lula e do ex-presidente Fernando Henrique, que reforçam cada vez mais o apoio aos seus candidatos, deixa clara a preocupação com o eleitorado.

Mas, inaugurar o maior número de obras no final do mandato não garante competência e tampouco liderança. A boa gestão está na totalidade da administração e não se resume apenas aos últimos meses. O que irá decidir as eleições é o melhor projeto para os próximos quatro anos. Um planejamento com obras que sejam concluídas ao longo do governo e não restritas somente aos períodos de campanha eleitoral.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Cochilo bandido


Por Nilton Carvalho

Uma crônica baseada na história do ladrão que assaltou uma casa durante a madrugada em São José dos Campos, na última quinta-feira, 4 de março, mas acabou sendo preso porque foi encontrado dormindo no sofá da residência...

Mané Ligeiro, como era conhecido em Santana, bairro onde morava na barulhenta e movimentada São Paulo, sempre fez jus ao apelido que possui desde os onze anos de idade. Desistiu da escola antes mesmo de completar o ensino fundamental e na ausência dos pais, que precisavam trabalhar para sustentar os cinco filhos, passava o dia inteiro na rua, pra lá e pra cá com a molecada.

O tempo passou, Mané Ligeiro completou maior idade e a dificuldade de arrumar um emprego se tornou um grande problema. As alternativas foram se esgotando e, sob a má influência das novas amizades, recebeu um convite para participar de um assalto. O plano era perfeito e o alvo era o mercadinho do bairro. Mas, o acaso resolveu conspirar contra a turma de Mané Ligeiro e no momento do assalto uma viatura da polícia, que fazia patrulha no bairro, prendeu os assaltantes em flagrante.

O juiz concluiu que Mané Ligeiro e seus amigos pegariam seis anos de prisão. Apesar de terem sido detidos no mesmo assalto, o grupo se desmanchou e cada um foi transferido para uma penitenciária diferente. Mané Ligeiro foi parar no presídio do Tremembé, zona norte de São Paulo.

Três anos se passaram e Ligeiro conseguiu um benefício pelo bom comportamento, o indulto de Natal, que permitiu a ele passar o feriado com a família. Mas, Mané Ligeiro decidiu que não voltaria mais ao presídio e elaborou um plano infalível que, segundo ele, desta vez não daria errado. Os pais foram contra a decisão do filho, mas os conselhos de nada adiantaram e a única coisa certa para um futuro sem expectativas era voltar à vida do crime.

Entre uns roubos aqui e outros ali, dois meses se passaram e Mané Ligeiro passou a despertar suspeita na vizinhança. Decidiu então que partiria para outra cidade e, quem sabe, conseguir assaltar um bairro que chamasse menos atenção. A cidade escolhida foi São José dos Campos. Ao descer do ônibus, Mané Ligeiro tinha certeza que estava na cidade certa e que esta, aparentemente uma "
cidade de bacana”, lhe renderia bons negócios.

De madrugada, Mané Ligeiro perambulava pelas ruas prestando muita atenção nas residências quando, de repente, avistou uma casa cujos muros eram baixos e que ele poderia invadir facilmente. Entrou sem fazer o menor ruído e não notou a presença de ninguém. Começou a encher as sacolas com roupas, todas de grifes famosas, e já podia até contabilizar o dinheiro que estava faturando no assalto. O trabalho pesado deixou Mané Ligeiro cansado e, como a viagem havia sido longa, resolveu tirar um cochilo no aconchegante sofá da sala de visitas.

Tudo o que Ligeiro não esperava é que havia um casal no outro quarto dormindo, que por sinal ele não tinha examinado ao invadir a casa. Isabel, que dormia ao lado do marido, levou um susto ao encontrar um sujeito estranho dormindo no sofá de sua casa por volta das 6h40 da manhã. Desesperada, ela acordou o marido e, sem fazer barulho, o casal ligou para a polícia. Os oficiais chegaram rapidamente, mais ou menos uns dez minutos após a ligação, e encontraram Mané Ligeiro tirando a maior soneca no sofá.

Ao ser despertado pela polícia, Mané Ligeiro tentou fugir e, como num pesadelo, não acreditava que tudo aquilo realmente pudesse estar acontecendo. Mas não adiantava tentar lutar contra dois policiais armados que o levaram para o 3º Distrito Policial da cidade. Mané Ligeiro tinha o plano perfeito, só não contava que encontraria um adversário de peso, o sono, que dominou seu corpo no momento da saída triunfal. Agora ele irá voltar para a prisão, de onde havia fugido após um ato de pura esperteza e que agora, por causa de um “cochilo bandido”, terá de voltar para cumprir sua pena.