quinta-feira, 22 de julho de 2010

O adeus do anti-herói

Harvey Pekar (1939-2010)


Por Nilton Carvalho

No universo das artes é comum figuras importantes terem personalidade difícil ou serem consideradas chatas. Dentre elas, existem diversos exemplos como o músico Bob Dylan, o artista plástico Kasimir Malevich (1878-1935) e o escritor José Saramago (1922-2010). Essa característica quase sempre acompanha a genialidade do artista, como é o caso do quadrinista Harvey Pekar, criador e roteirista da série clássica de HQ American Splendor.

Quando pensamos em quadrinhos é claro que milhões de histórias e personagens surgem, entre eles, os mega sucessos da Marvel recheados de heróis e vilões de toda sorte. Entretanto, a grande sacada de Pekar foi ter a idéia de criar um personagem autobiográfico que abordasse os acontecimentos cotidianos de sua vida. Em American Slpendor não existem personagens fictícios com super poderes, mas um cara comum com personalidade ácida e cômica, um verdadeiro anti-herói americano.

Aliás, Anti-Herói Americano é o nome do filme inspirado na vida de Harvey Pekar, originalmente intitulado American Splendor, e com o ator Paul Giamanti no papel de Pekar. O longa, dirigido pela dupla Springer Berman e Robert Pulcini, conta como um simples arquivista, cuja vida tediosa parecia não ter mais sentido, acaba criando uma série de quadrinhos de grande sucesso.

A história de Harvey Pekar é uma prova de que grandes talentos podem estar escondidos nos lugares mais inusitados. O arquivista apaixonado por livros e discos teve a brilhante idéia de transformar a sua rotina em HQ, fruto de inquietações de um gênio. A emocionante luta contra o câncer se arrastou por vários anos e, infelizmente, terminou no último dia 12 de julho, quando a esposa Joyce Brabner encontrou o quadrinista morto em sua residência. O cotidiano de Pekar certamente irá deixar um vazio enorme no mundo dos quadrinhos
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