sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

COP fiasco


Por Nilton Carvalho


Foram dias de conferência com a participação de nações desenvolvidas, emergentes e em desenvolvimento. Os debates foram longos e cansativos e, infelizmente, o resultado foi considerado um fiasco. É assim que termina a tão comentada Cúpula de Copenhague, que conseguiu apenas um “tímido acordo” no último sábado, 19 de dezembro.

Nada de metas, somente uma “carta de intenção” com um conteúdo muito abaixo do que se esperava para combater o aquecimento global. O resultado gerou duras críticas de ambientalistas que acompanharam os debates. Líderes dos principais produtores de gases estufa, como Estados Unidos e China, travaram as negociações que propunham metas para a redução de emissão.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, classificou o compromisso como um “importante passo” em busca de objetivos mais ambiciosos. Mas, durante os debates ficou claro que os países desenvolvidos não querem assumir metas significativas para reduzir a emissão de gases poluentes. Para alcançar resultados satisfatórios é necessário um esforço conjunto que certamente irá impactar na economia de todos que assinarem o acordo de redução.

Outra questão importante é o compromisso que deve ser respeitado por todos os países, independente do regime político. A China questionou o fato de haver uma inspeção nos países que se comprometerem em reduzir a emissão de gases estufa e essa divergência também foi uma das questões que impediram a definição de um acordo ambicioso.

Se o primeiro passo foi dado em Copenhague, como o presidente americano destacou, esse passo foi muito pequeno comparado ao tamanho do problema ambiental que o planeta atravessa. No próximo encontro dos principais líderes mundiais, o que se espera é um segundo passo mais abrangente. Um passo que atravesse os obstáculos políticos e os interesses econômicos e alcance um resultado que possa salvar o futuro do planeta.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A chuva que destrói sonhos


Por Nilton Carvalho

Uma crônica baseada na triste situação de muitos moradores de São Paulo após as fortes chuvas da última semana...


O despertador anuncia o começo de mais um dia de trabalho às 5h da manhã. O pedreiro José Clementino, também conhecido como Zé, toma sua tradicional xícara de café acompanhada de meia fatia de pão e, logo em seguida, parte para o trabalho sem demora. Zé trabalha numa obra localizada no bairro do Morumbi e acha que o salário e os benefícios oferecidos lá são bons, por isso, não quer chegar atrasado de jeito nenhum.

Era uma típica quarta-feira e a animação começava a aparecer, pois a semana já estava quase acabando e o descanso merecido do sábado se aproximava. O dia começou quente e logo cedo os termômetros já marcavam 28 graus. Quando chegou ao trabalho, logo percebeu que o clima era de descontração entre os colegas. A época das festas se aproximava e a primeira parcela do 13º havia caído, o que garantia que muitos deles teriam um natal razoavelmente bom.

Depois do almoço, a turma se reuniu em frente à obra e o radinho de pilha de Gonçalves, um dos colegas de trabalho, estava sempre sintonizado no noticiário durante a pequena pausa. A rádio anunciava que a previsão do tempo para àquela tarde seria de forte chuva em toda a Grande São Paulo, devido ao calor. Mas, a notícia passou despercebida pela turma que discutia sobre o futuro da seleção brasileira em ano de copa do mundo.

Às três e meia da tarde o céu mostrava sinais de que em breve cairia uma tempestade em São Paulo, conforme a previsão do tempo havia alertado. Zé começou a ficar preocupado porque sabia que a chuva, na maioria das vezes, transformava a cidade num caos sem precedentes, principalmente, nas regiões de baixa renda como o bairro onde morava. Não demorou muito e a tempestade começou.

A preocupação de Zé se tornou uma infeliz realidade quando na metade do caminho o ônibus em que ele estava parou. Era impossível continuar o trajeto por causa do alagamento na pista, que ocasionou quatro horas de espera dentro do ônibus até que as águas baixassem. Já eram quase 11 horas da noite e Zé ainda não havia conseguido voltar para casa. Ele permaneceu calmo e, finalmente, conseguiu descer no ponto próximo de sua residência, no Bairro de São Miguel Paulista.

Quanto mais ele caminhava, mais sirenes de bombeiros e ambulâncias ele via. Foi então que um calafrio percorreu todo o seu corpo, como um anúncio do que estaria por vir. A faixa de isolamento não permitia que ele seguisse em frente, mas, ao avistar de longe sua casa ele só conseguiu enxergar um barranco cheio de destroços das casas que desabaram juntamente com a sua.

Zé atravessou a faixa de isolamento e correu como nunca havia corrido antes. Alguns bombeiros tentaram impedir que ele prosseguisse e ele então gritou: “Eu moro aqui, quero saber onde está minha família!” De repente ele ouviu a voz de sua esposa Regina, que trazia nos braços sua filha, a pequena Clara. Ao cair de joelhos no chão, Zé se pôs a chorar, talvez de alívio ou de alegria. Uma mistura de sentimentos e emoções difíceis de descrever. Durante a tempestade, Regina sentiu a casa tremer e imediatamente saiu correndo com a filha nos braços, minutos depois tudo desabou.

Uma grande cidade como São Paulo, constantemente atrai pessoas de outros estados, que vêm em busca de uma vida melhor. Mas, infelizmente muitas vezes o sonho acaba como o de Zé, que perdeu tudo no desabamento de sua casa. O barraco havia sido construído próximo de uma encosta, numa área proibida. Dezenas de famílias construíram suas casas no local considerado de risco e, na ausência de fiscalização por parte do governo, permaneceram lá até o triste dia do desabamento.

Zé, agora olha para o que sobrou de sua casa com muita tristeza. Em poucos minutos de chuva forte tudo o que ele havia construído desabou, mas felizmente sua família não sofreu nenhum arranhão. Buscar forças para renovar a esperança será uma tarefa das mais difíceis, principalmente, quando se necessita de auxílio do Estado. A única alternativa que restou para as famílias que perderam tudo, inclusive os sonhos.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O último suspiro do rock





Por Nilton Carvalho

Nos primórdios do rock, costuma-se dizer, que existe um importante divisor de águas, o disco de estréia de Elvis Presley, lançado em 1956. A capa do disco homônimo trazia Elvis empunhando sua guitarra e soltando a voz. O álbum passou a ser considerado o primeiro do novo estilo chamado rock’n’roll, pelo menos, gravado por um artista branco. A tipologia usada na capa do disco influenciou, vinte anos mais tarde, outro marco na história do rock, o disco London Calling do Clash, que na última quarta-feira completou trinta anos.

No final dos anos setenta, o punk rock surgiu como uma vertente do rock. Agressivo e rápido, o novo estilo tinha como principal característica a simplicidade dos acordes. O que parecia uma revolução devastadora, com o tempo. foi se tornando apenas repetição. Exatamente durante esse período, o The Clash decidiu quebrar as barreiras impostas pela revolução punk.

No início de 1979, o Clash fez sua primeira turnê pelos EUA e no final do mesmo ano, entrou em estúdio para gravar seu terceiro disco. Durante as gravações, a idéia inicial da banda foi que o novo álbum deveria se chamar “The Last Testament” (O último Testamento). Um nome que, apesar de descartado pela banda, possui um importante significado.

A idéia de “último testamento”, indicava que aquele seria o último disco de rock de todos os tempos. Pois, assim como o disco de estréia de Elvis Presley, que sacudiu as estruturas da música, o álbum do Clash traria de volta a ousadia do rock através da inovação na sonoridade da banda. A capa do disco, ilustrada com uma foto do baixista Paul Simonon destruindo seu instrumento durante um show em Nova Iorque, usava a mesma tipologia do disco de estréia do rei do rock (o verde e rosa).

Se em seu primeiro disco, Elvis Presley erguia o instrumento e cantava para o público, no álbum London Calling, o Clash anunciava o derradeiro suspiro do rock após o golpe desferido pelo baixista Paul Simonon. Menções à parte, o disco representa o momento em que todos os integrantes do Clash contribuíram com sua criatividade na construção estética das canções.

O disco, lançado oficialmente no dia 14 de dezembro de 1979, celebra deliciosamente o rock passando por outros estilos musicais como o jazz e o reggae. A preocupação do Clash em London Calling foi simplesmente tocar o que eles apreciavam. Essa atitude, mostrou que o punk rock poderia ir muito além dos três acordes ao absorver diversas influências musicais e entrar, definitivamente, em toda e qualquer lista de melhores de todos os tempos.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O drama da Roosevelt


Por Nilton Carvalho

Alegre e descontraída, a boemia que frequenta o circuito teatral localizado na praça Roosevelt é uma mescla de amantes do teatro, artistas em busca de novos contatos profissionais e diretores caça-talentos. O importante cenário cultural da cidade atravessa um bom momento, mas também sofre com os problemas de uma grande metrópole.

A praça Roosevelt, que se tornou o principal ponto de encontro da arte teatral em São Paulo, viveu no último sábado, 5 de dezembro, um triste capítulo cujo tema foi a violência. Durante um assalto ocorrido no Espaço Parlapatões, o dramaturgo Márcio Bortolotto levou três tiros e segue em estado grave na UTI da Santa Casa, no bairro de Santa Cecília.

Mesmo que o fato tenha sido considerado por muitos uma infeliz “fatalidade”, o caso trouxe à tona discussões sobre a revitalização da praça Roosevelt. O local, que passou a receber um grande número de pessoas em função dos grupos teatrais espalhados pela região da praça, não teve a segurança reforçada nem sequer passou por reformas estruturais.

A administração municipal alega que “questões burocráticas” dificultam o começo das obras de revitalização na praça Roosevelt e os problemas causados pelo abandono do local começam a incomodar os visitantes. Frequentadores dos bares e teatros, alertam sobre a falta segurança, que pode afastar o público da cena teatral localizada na Roosevelt, caso medidas de segurança e projetos de revitalização não sejam concluídos na praça.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Opinião pública em pauta


Por Nilton Carvalho

A principal função do jornalismo é informar. Sua linguagem precisa ser abrangente para que todos, desde o mendigo até o alto executivo, possam entender a mensagem transmitida. Levando em consideração a responsabilidade que os meios de comunicação possuem no cotidiano das pessoas, é comum que o fato mais discutido da semana acabe sendo tema de todas as discussões possíveis e imaginárias.

A dona de casa aborda o tema durante a conversa com a vizinha, o universitário discute o fato com o amigo e o operário pergunta ao colega qual a opinião dele sobre a tão falada notícia. É possível afirmar então que o jornalismo forma a opinião pública?

Ora, considerando a repercussão de certas notícias, os fatos abordados pelos jornais ganham relevância na sociedade e são abordados por diversos ângulos.
Mas, formar opinião é algo bem mais complexo e para analisar esta afirmação é necessário entender a diferença entre a repercussão de uma notícia e a agenda de assuntos a serem abordados.

Muitos jornais pautam suas discussões a partir de temas que, em seqüência, podem representar uma manipulação com o propósito de formar um ponto de vista em comum, o que significa formar opinião.

Partindo desta linha de pensamento, se durante três semanas os jornais abordarem, de maneira negativa, as medidas tomadas pelo governador de São Paulo, por exemplo, por mais que o governador tenha prestígio vai chegar um momento em que as notícias irão formar uma má impressão dele perante a população.

Os leitores, na maioria das vezes, possuem uma identidade com o veículo de comunicação pelo qual recebem as notícias e, em caso de uma agenda pré-elaborada com a finalidade de formar opinião, estes leitores certamente vão assimilar a abordagem proposta pelo meio de comunicação.

A repercussão de uma notícia de impacto certamente será abordada pelo público, mas, por diversos ângulos e opiniões. Já a agenda pautada para formar opinião, tende a manipular os leitores, prática que deve ser abominada pelos jornalistas porque a função do jornalista é permitir que o leitor avalie o fato por diversos ângulos antes de formar sua própria opin
ião.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Desacordo global


Por Nilton Carvalho

O acordo global para reduzir a emissão de gases poluentes, que será definido em dezembro durante o encontro das vinte maiores economias mundiais em Copenhagen, parece caminhar rumo à indefinição. A meta que reduz a emissão de poluentes irá substituir o Protocolo de Kyoto que espira em 2012.

As divergências ocorrem porque ao reduzir os gases prejudiciais ao meio ambiente, inevitavelmente, setores que geram lucro e aceleram o desenvolvimento, como o petrolífero, sofreriam consideráveis baixas em seus percentuais de crescimento. Em tempos de crise, uma redução drástica no lucro gerado pelo consumo de petróleo causaria um grande impacto nas economias mundiais.

O encontro realizado esta semana entre o presidente dos EUA, Barack Obama, e lideranças da China, durante a passagem de Obama pelo país oriental, causou certa desconfiança quanto à definição de metas de redução de gases poluentes. No encontro, chineses e americanos alegaram que é impossível chegar a um acordo em apenas vinte dias.

As declarações causaram a revolta de centenas de entidades que lutam pela preservação do meio ambiente. O encontro em Copenhagen acontece há pouco mais de quinze dias e os principais líderes mundiais não perecem interessados em definir metas. A visita de Obama à China mostrou que tanto liberais quanto comunistas se preocupam somente com o crescimento de suas economias deixando de lado a preservação de um futuro sustentável para todos.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O dia que o Brasil apagou


Por Nilton Carvalho

A aula se aproximava do fim, eram quase dez horas da noite, e o pessoal da universidade já estava pronto para seguir o rumo de casa, de repente, tudo escureceu. Num instante todas as luzes se apagaram gerando a tradicional gritaria celebrando a saída antecipada.

Acredite, esta situação foi apenas uma entre as milhares que ocorreram na última quarta-feira, 10 de novembro, quando um inesperado apagão atingiu dezoito Estados brasileiros deixando mais da metade do país na escuridão.

Com cem por cento dos semáforos desativados os congestionamentos se multiplicaram ao longo de São Paulo e mesmo com todo o efetivo da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) nas ruas, o caos era visível por todos os lados.

Pessoas presas em elevadores tiveram que controlar o medo em meio ao tumulto que se espalhava, hospitais apelaram à energia de geradores para continuar cuidando dos pacientes e estações de metrô serviram de quarto para as pessoas que ficaram presas durante o trajeto.

A escuridão se estendeu além das fronteiras do Brasil, chegando até a capital do Paraguai, Assunção, que atravessou os mesmos problemas que as cidades brasileiras. O Uruguai também participou do apagão, o que mostra que a dimensão da pane nos geradores foi bem mais grave que se podia imaginar.

O ministro de Minas e Energia Edson Lobão, alegou que chuvas e trovoadas ocorridas na região da subestação de Itaberá provocaram um curto-circuito na transmissão de três linhas da usina de Itaipu. Mas, emissoras norte-americanas divulgaram que o blecaute teria sido obra de maléficos rackers.

Teorias conspiratórias à parte, a escuridão provocou uma grande confusão em todos os Estados atingidos. Seja provocado por relâmpagos ou terroristas digitais, o que se pode dizer é que o incômodo apagão fez muita gente tomar banho frio antes de sair para o trabalho no dia seguinte.

domingo, 8 de novembro de 2009

Os quatro rapazes da era digital


Por Nilton Carvalho

O site oficial dos Beatles divulgou no último dia 04 de novembro, quarta-feira, que uma versão digital da discografia da banda mais 13 documentários serão vendidos em versão digital. O material deve vir em um pen drive no formato de mação, símbolo da antiga gravadora dos Beatles, a Apple.

Seguindo as novas tendências tecnológicas, os Beatles pela primeira vez tiveram suas canções lançadas em formato digital, tecnologia que vem tirando o sono das grandes gravadoras. As mídias digitais têm causado grandes discussões porque apontam para os diferentes rumos que a música está seguindo.

Declarar a morte do CD é uma afirmação equivocada, porque assim como ocorreu com o vinil, o CD sempre terá seus consumidores. Mas, é evidente que as vendas caíram e que, dificilmente, algo possa ser feito para reverter este quadro.

É por isso que artistas e gravadores devem acompanhar as mudanças ocorridas com a chegada das novas tecnologias. Para que a era digital não signifique um pesadelo sem fim para artistas e gravadoras é necessário promover novos formatos que dialoguem com o consumidor de música contemporâneo.

Assim como o lançamento digital da discografia dos Beatles, outras possibilidades devem aparecer para reinventar o consumo de música, que parece estar em constante evolução a cada dia.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A vanguarda revolucionária

Por Nilton Carvalho

A mostra Virada Russa, que acontece no Centro Cultural do Banco do Brasil, traz um rico acervo diretamente do museu de São Petersburgo, contendo obras dos principais artistas da vanguarda russa do início do século XX. Nomes como Wassily Kandinsky, Kazimir Malevitch e Vladimir Tátlin beberam da fonte revolucionária que borbulhava no início do século para estabelecerem um marco definitivo na história das artes plásticas.

Liderada pelo russo Wassily Kandinsky (1866 – 1944), surge na Alemanha o movimento “Der blaue Reiter” (O Cavaleiro Azul), que contava também com Franz Marc (1880 – 1916) e Paul Klee (1879 – 1940). A depuração das formas e a não figuração idealizadas pelo movimento influenciaram a Bauhaus, que surgiria posteriormente em solo alemão.

O abstracionismo, liderado por Kandinsky, recebeu influências do expressionismo e do fauvismo e negava qualquer tipo de composição figurativa valorizando os sentimentos e emoções dos artistas para a criação de formas livres sem qualquer ligação com elementos reais. É importante ressaltar que a vanguarda russa ocorre em um momento bastante agitado na história, precisamente, em meados da revolução russa de 1917.

Artistas como Kazimir Malevitch (1878 – 1935) elaboraram uma verdadeira revolução no mundo das artes plásticas ao levar o abstracionismo de Kandinsky e Paul Klee à simplicidade extrema. Malevitch é considerado o fundador do suprematismo, que defendia a supremacia da sensibilidade das formas geométricas.

Em oposição ao suprematismo de Malevitch, surge o construtivismo, que defendia a participação ativa do artista no processo de produtivo. Liderados por Vladimir Tátlin (1885 - 1953) e Alexander Rodchenko (1891 - 1956), o construtivismo influenciou diretamente os primórdios do design moderno.

Elementos tradicionais do folclore russo adicionados às aspirações revolucionárias do início de século, que estavam em alta na Rússia, serviram de inspiração para muitos artistas da época que usavam a modernidade das agitações ocorridas nas metrópoles e a tradição espiritual do mundo rural para criarem suas obras.

A importância do contexto histórico em que a vanguarda russa tem suas raízes é de extrema importância para as artes plásticas, pois as idéias que surgiram a partir deste novo conceito definiram a história da arte. Assim como a revolução de 1917 mudou para sempre a história da política mundial, a vanguarda russa se tornou uma das escolas mais influentes e inovadoras da arte moderna.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Valorizando o diploma perdido


Por Nilton Carvalho

Para muitos estudantes de jornalismo a decisão tomada em junho pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que derrubou a obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercer a profissão, soou como um desastre profissional.


Na última semana a comissão encarregada de desenvolver novos parâmetros para o curso de jornalismo, entregou algumas propostas ao ministro da Educação, Fernando Haddad. Uma das principais mudanças idealizadas pela comissão, cujo presidente é o professor José Marques de Melo, da Universidade Metodista de São Paulo, é a simultaneidade entre os ensinos teóricos e práticos, que juntos, dariam maior dinamismo ao curso.


Outra grande novidade pautada pela comissão é a separação do curso da área de Comunicação Social, reforçando a identidade com a autonomia de curso de Jornalismo, além do aumento das horas de 2,8 mil horas/aula para 3,2 mil horas/aula.O lado prático ficaria por conta de um estágio supervisionado pela universidade depois da conclusão do curso.


Obviamente que as medidas propostas pela comissão, que serão analisadas pelo Conselho Nacional da Educação, buscam aperfeiçoar o curso e torná-lo atrativo. Especialistas alertam sobre uma possível queda na procura dos cursos de jornalismo e é evidente que muitos alunos tenham se desmotivado após a decisão tomada pelo STF.


A grande polêmica que a decisão do Supremo Tribunal Federal despertou foi a necessidade do diploma para exercer a profissão jornalista. Levando em consideração os atributos técnicos obrigatórios, somente possuir o diploma não “forma” jornalistas de verdade. A vocação, muitas vezes aparece de maneira espontânea e, quando lapidada, se torna um talento de grande valor.


Por outro lado, a regulamentação profissional junto ao Ministério do Trabalho é necessária para definir a identidade de uma profissão que valoriza o conhecimento amplo da sociedade e das linguagens da comunicação. O diploma não forma o jornalista, apenas o direciona abrindo um universo de possibilidades para que ele desenvolva seu trabalho.


Reservar o mercado de trabalho apenas para jornalistas graduados exclui possibilidades como Norman Maileir e Truman Capote, que podem surgir de uma simples vocação, e se tornarem grandes profissionais. O jornalismo precisa ser regularizado como profissão, mas também maleável, sabendo reconhecer outros tipos de perfis profissionais, para que o jornalista continue sendo um importante comunicador social.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A sinfonia da solidão


Por Nilton Carvalho

Uma crônica baseada no caso do austríaco encontrado morto, seis meses depois, diante da TV...


A Sinfonia nº35 de Mozart ecoava em seu dó maior inconfundível vinda de algum lugar na pacata Salzburgo. Enquanto isso, a grande quantidade de cartas continuava a acumular na porta de Joseph, sem despertar a atenção dos vizinhos.

A cidade que atrai turistas de todos os lugares do mundo também esconde cantos solitários em que habitam pessoas esquecidas. Como fantasmas que vagam pelas ruas e, mesmo estando presentes, passam despercebidos aos olhares apressados dos cidadãos.

A vida de Joseph teve poucas mudanças desde que sua companheira Constanze se foi, há exatos cinco anos. Com a morte da esposa, veio também o abandono dos familiares.
O filho Weber era o único membro da família que ainda aparecia, mas logo após o nascimento dos gêmeos, as visitas se reduziram a datas de aniversário e Natal.

O pragmatismo das visitas do filho e a triste solidão dos últimos dias, de nada se pareciam com os tempos em que viveu com Constanze. A alegria que os visitantes encontravam em Salzburgo, cidade natal do gênio da música clássica Mozart, não fazia mais parte da vida de Joseph. Agora sua nova companheira era a televisão. Assistia sempre aos mesmos programas, alimentando seus dias com frieza e solidão na cidade medieval.

Nos últimos meses os vizinhos já não viam o velho Joseph, pensavam que ele talvez tivesse ido passar um tempo na casa do filho ou levado para algum asilo. Na verdade, ninguém jamais se importou em saber o motivo que levou o velho a desaparecer, todos tinham seus compromissos e deveres e não podiam perder tempo com assuntos de menor importância.

Mas a grande surpresa, é que Joseph não estava mais naquele apartamento há muito tempo, precisamente seis meses. A televisão foi sua companheira fiel e permaneceu ligada durante todo esse tempo assistindo Joseph desistir de viver.
Afinal, a vida parecia ter acabado no dia em que Constanze morreu e em seus últimos dias, Joseph apenas aguardava o momento de poder descansar ao lado dela. E assim fez, ao som de Requiem, a derradeira sinfonia da solidão.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Rock de Combate


Por Nilton Carvalho

Neste mesmo dia, em 1952, nascia o vocalista do The Clash Joe Strummer. Filho de um diplomata inglês e mãe turca, John Grahan Mellor logo mudou seu nome para Joe Strummer, ao entrar para o rock.

Assumiu os vocais do Clash ao lado do baixista Paul Simonon, o guitarrista Mick Jones e o baterista Terry Crimes. Crimes não ficaria muito tempo na banda, apenas gravou o primeiro disco e logo em seguida deixou a banda alegando divergências ideológicas. Com o novo baterista Nick Topper Headon, o Clash encontrou sua formação clássica e ganhou entrosamento.

Antes de formar o Clash Joe liderou o 101’s, que fazia um rock básico com influências de rockabilly e blues. Após assistir uma apresentação dos Sex Pistols, Joe decidiu que gostaria de fazer outro tipo de som. Mais pesado e com mais atitude. O Clash integrou a santa trindade do punk e ao lado dos Pistols e dos Ramones, influenciou inúmeras bandas como Rancid e Libertines, entre outros.

Com o The Clash, Joe Strummer gravou discos que estão em qualquer lista de melhores de todos os tempos, abordou questões políticas e provocou uma enorme revolução sonora ao misturar punk rock, até então um estilo musical pouco maleável, com outros estilos musicais como reggae, jazz, rockabilly e hip hop.

Após o fim do Clash, em 1986, Joe se dedicou a poucos projetos durante o final dos anos oitenta. Reapareceu somente na década de noventa com os Mascaleros, gravando três discos. Joe Strummer morreu no dia 22 de Dezembro de 2002 em sua casa devido à complicações cardíacas. Em 2003 o Clash foi homenageado ao entrar para o Hall da Fama do Rock, deixando um legado riquíssimo poucas vezes visto na história da música.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O mestre do suspense


Por Nilton Carvalho

Há cento e dez anos atrás, no dia 13 de Agosto, nascia na nebulosa Londres um dos maiores nomes do cinema, Alfred Hitchcock. Mundialmente conhecido pela maneira brilhante de dirigir filmes de suspense, Hitchcock é considerado um marco na história da sétima arte.

Sua estréia aconteceu em uma companhia americana sediada na capital inglesa criando legendas para filmes mudos. Em 1939 se mudou para os Estados Unidos se tornando o expoente da “filmagem pura”, onde absolutamente tudo estava sob o controle do diretor.

Entre os clássicos dirigidos por Hitchcock estão Stranger on a Train, que traz a imagem inesquecível da freira de saltos altos, Psicose da antológica cena do chuveiro e Festim Diabólico, filmado praticamente sem cortes e com a câmera em movimento. Segundo o próprio Hitchcock, o mais importante era saber dosar os ingredientes certos para fazer o público gritar.

Dentre os grandes diretores de cinema, Alfred Hitchcock certamente figura como o mestre do suspense. Sua maneira de filmar acelerando os nervos das platéias a cada cena, quando unia montagem e música para criar suspense, estabeleceu um estilo e entrou para lista de melhores do século.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Tensão armamentista

Por Nilton Carvalho

A América Latina novamente será palco de um choque ideológico com o governo norte-americano. Tudo começou com o acordo bilateral entre Colômbia e os Estados Unidos, que irá aumentar a presença militar dos americanos na região.

Estados Unidos e o presidente colombiano Álvaro Uribe afirmam que o novo acordo irá intensificar o combate ao narcotráfico e às FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Se aprovada, esta seria a única base oficial na região, já que a base localizada em Manta (Equador) foi desativada.

É claro que os governos latino-americanos demonstraram insatisfação com o acordo. Desde os mais radicais como Hugo Chávez (Venezuela) e Rafael Correa (Equador) aos moderados Lula e Michelle Bachelet (Chile), todos manifestaram o desejo de marcar um encontro com o governo norte-americano para discutir o caso.

Ideologias à parte, novamente surge um delicado assunto político envolvendo o poderio militar norte-americano e sua influência na América Latina. As divergências entre Uribe e Chávez devem se acentuar com o projeto, que pode causar uma corrida armamentista desnecessária.

A tendência é que os governos latino-americanos dificultem o acordo. Muitos dos líderes contrários alegam que os Estados Unidos pretendem trazer para Colômbia uma quantidade desproporcional de armamentos para somente “combater” às FARC e, pelo visto, este polêmico acordo ainda será muito discutido nos próximos dias. Os povos latinos devem enfrentar uma nova tensão armamentista na região.

sábado, 18 de julho de 2009

Jornalismo romântico, um ofício para poucos

Por Nilton Carvalho

Gabriel Garcia Márquez em seu texto Jornalismo, o melhor ofício do mundo traça um eficiente comparativo entre o jornalismo atual com o jornalismo exercido há 50 anos atrás.

Nos dias de hoje, ser jornalista e viver a rotina em uma redação significa estar em constante atrito com o tempo de fechamento e sob intensa pressão dos editores. Esse processo empobrece a matéria, pois resulta em pouca investigação, reflexão e reconstituição do fato.
Os jornalistas de hoje correm contra o tempo, mas para se obter o material necessário para concluir uma boa matéria, o repórter precisa abordar o assunto em pauta por todos os ângulos para evitar que alguma informação valiosa fique de fora. Infelizmente as matérias vêm perdendo o conteúdo e são transmitidas de maneira rápida, porém pobre, sem valor jornalístico.

A grande diferença está na disputa que os meios de comunicação em massa travam entre si para ver quem consegue “o furo” primeiro, se preocupando cada vez menos com o fato e cada vez mais com a velocidade.

Vale lembrar, que o problema não está somente com os profissionais nas redações. Muitas vezes, o estudante de jornalismo não está apto para iniciar o curso. Não se pode esquecer, que o jornalista é um prestador de serviço e necessita ter uma visão humanística diferenciada, pois somente assim ele poderá observar o fato e apurá-lo de maneira satisfatória.

A aprendizagem teórica e cansativa das aulas tradicionais atualmente não traz a prática da fase romântica do jornalismo, naquela época, havia mais interação do jovem aspirante dentro das redações. O pupilo era acompanhado de perto pelo editor, que com toda sua experiência podia facilmente detectar as dificuldades e apontar os atalhos. O aluno desenvolvia seus primeiros passos ali, no local de trabalho, sendo possível notar se o calouro realmente possuía aptidão para atuar na área.

O jornalismo necessita da técnica de redação, mas também precisa possuir qualidade artística, pois jornalismo também pode ser considerado um gênero literário. O tempo que o jornalista tinha nas antigas redações e que lhe dava tempo para uma pesquisa mais minuciosa e rica hoje não existe mais.
Os editores que antes ensinavam agora lutam contra o tempo e cobram dos jornalistas uma desenfreada corrida para ver quem consegue publicar primeiro uma notícia. Daí vem a associação com a sociedade pós-moderna, que está sempre em busca de informações em alta velocidade e o jornalismo foi obrigado a se moldar desta forma.
Os profissionais de hoje estão presos demais aos termos técnicos, chamando meros depoimentos de matérias jornalísticas sem que todos os ângulos possíveis do fato sejam explorados.

Mesmo após a industrialização do jornalismo e das novas tecnologias agregadas a ele, é necessário exercê-lo com ética e ampla visão humanística para que o jornalismo possa ser considerado o melhor ofício do mundo. As tecnologias são importantes, mas não se pode deixar para trás o lado romântico e literário.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O rock está chamando

Por Nilton Carvalho

Tudo começou com os primeiros acordes tocados por Robert Johnson, influência fundamental para o blues e o próprio rock, em pequenos botecos do Mississippi. O novo ritmo sofreu preconceito no início quando foi considerado música de selvagens, muitos diziam que o novo gênero não duraria muito tempo e que seria esquecido em breve. Mas a história não foi bem assim.
Bastou um tal Elvis Presley gravar seu disco de estréia, o homônimo Elvis Presley lançado pela RCA, que trazia na capa o jovem de pele branca soltando a voz munido de seu violão, para que o rock se firmasse definitivamente no planeta. Cantando o gênero inventado pelos negros, Elvis chocou a sociedade da época com sua dança e atraiu milhares de jovens que se renderam ao rock.

A partir daí o rock’n’roll ganhou força no final dos anos cinqüenta e atravessou as décadas seguintes de maneira avassaladora. Seja nos anos sessenta de Dylan, Stones, Beatles, Hendrix e The Who ou nos anos setenta de T-Rex, Bowie, ACDC e Led Zeppelin, o rock sempre foi caracterizado pela atitude e rebeldia.

O final dos anos setenta ficou marcado com a explosão punk que trazia uma proposta de rock básico e sem firulas com Iggy Pop, MC5 e Ramones do lado norte americano. Já na Inglaterra o punk foi politizado, com as cusparadas dos Sex Pistols contra a família real e principalmente pelas letras engajadas do The Clash, liderados por Joe Strummer.

A new wave dos anos oitenta levou o rock diretamente às pistas. Ao som de Blondie e B52’s o estilo vivia a era pós-punk quando no começo dos anos noventa surgiu o Nirvana do incendiário Kurt Cobain. O Nirvana causou um grande barulho com o disco Nevermind, e após a morte de Kurt, a mídia passou especular quem poderia ser a nova “salvação do rock”.

Bandas como Oasis e Strokes foram consideradas salvações, mas a grande verdade é que o rock jamais precisou ser salvo. Os grandes legados ficarão para sempre na história e novas possibilidades irão surgir para renovar o estilo e inovar. A grande certeza que se pode ter é que o rock’n’roll sempre será uma máquina abastecida de energia jovem.

sábado, 11 de julho de 2009

O silêncio do furacão pop

Por Nilton Carvalho

Desde seu início como principal voz dos Jacksons 5 Michael Jackson sempre se destacou. A maneira diferente de dançar e os vocais marcantes fizeram do pequeno e franzino Michael um mito pop.

As polêmicas envolvendo agressões do pai nos tempos de Jacksons 5 e as acusações de abuso sexual nos anos noventa nunca foram maiores que o legado deixado pelo artista.

A massificação do cantor após sua morte, com certeza irá multiplicar as vendas do artista póstumo e lhe render novos fãs. Assim como a morte de Elvis Presley e John Lennon, o estrondo provocado pela morte de Michael Jackson ganha proporções imensas. Aliás, a morte de Michael tem um instrumento a mais para sua mega divulgação, a internet.

Homenagens, um funeral pirotécnico, imprensa noticiando dia e noite e novas polêmicas, como a do suposto assassinato. Tudo isso é consumido e ingerido por um público sedento por mais “Michael news”. A música é deixada de lado e as especulações aparecem.

O furacão pop que compôs Triller, um marco para indústria fonográfica, silenciou sua voz, mas permanece como gênio musical entre os principais nomes do século. Resta saber quando seu silêncio será realmente respeitado.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Acordo e Paz

Por Nilton Carvalho

A Guerra Fria parece ter mesmo esfriado. Com o acordo de desarmamento nuclear assinado entre o presidente americano Barack Obama e o russo Dmitri Medvedev, na manhã de hoje, Washington e Moscou deixam de lado divergências do passado e dão um novo passo rumo ao futuro.

O acordo pode significar um recomeço para ambos os países, que no passado foram rivais ideológicos, e enterrar fantasmas políticos como Nixon e Stálin. Durante a Guerra Fria, por inúmeras vezes americanos e russos estiveram muito perto de uma guerra nuclear.

Para alguns especialistas o acordo é questionável, pois mesmo com a redução de poder nuclear, Estados Unidos e Rússia ainda têm capacidade bélica para destruírem um ao outro. Mas o encontro entre seus líderes pode significar uma aproximação interessante entre as duas potências.

Se a relação entre americanos e russos não passava por um bom momento na era Bush, Obama tenta enterrar as amarguras deixadas pela Guerra Fria entre os dois países, e também buscar um forte aliado para evitar que países como a Coréia do Norte e Irã consigam tecnologia nuclear.

sábado, 4 de julho de 2009

Peça baseada em Dostoievski está em cartaz no SESC Santo André

Por Nilton Carvalho


A peça “Sonho De Um Homem Ridículo” com direção de Roberto Lage, baseada no conto homônimo de Dostoievski, estará em cartaz na programação do SESC Santo André no próximo sábado, dia 11/07.

A peça baseada em um dos contos mais célebres de Dostoievski, narra a vida de um infeliz funcionário público que, após quase se matar, tem um sonho inusitado. No sonho, encontra imaculadas criaturas em uma espécie de paraíso e ao longo da narrativa semeia discórdia e corrupção moral entre os seres alados.

Para quem quiser conferir, os ingressos custam R$ 16,00 inteira, R$ 8,00 para usuários matriculados no SESC e dependentes, aposentados e estudantes com comprovante. Para trabalhadores do comércio e serviços matriculados no SESC e dependentes os ingressos custam R$ 4,00.