segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Perfil na web influencia contratação

Por Nilton Carvalho



Elaborar perfis atraentes para o mercado de trabalho pode ajudar a brigar por uma vaga de emprego



Helen Amaral, operadora de produção

(Matéria publicada pelo jornal "Diário do Grande ABC", edição de 19 de setembro de 2010)



Candidatos que estão procurando emprego e gostam de interagir em redes sociais como o Orkut, Twitter e Facebook precisam ficar atentos. Com a revolução digital, que vem promovendo constantes mudanças na vida das pessoas, algumas empresas têm observado os perfis dos candidatos nas redes sociais, durante o processo seletivo. Entretanto, muitos usuários ainda não perceberam que estas ferramentas podem ser utilizadas como uma espécie de currículo e acabam configurando conteúdos inadequados para o mercado de trabalho.
Para evitar que isso aconteça, é necessário entender que as redes sociais vão muito além do que mera diversão. “Muita gente ainda acredita que as redes sociais são apenas um ambiente para lazer como manter contato com amigos, família, conhecer novas pessoas, etc.”, conta o especialista em planejamento digital, Maurício Gouvea.
Atualmente, as empresas têm se preocupado com a utilização das redes sociais por parte de seus funcionários, o que mostra que não vai demorar muito para que as redes sociais, obrigatoriamente, sejam analisadas pela empresa que deseja contratar. De acordo com o consultor da TGT Consult, Waldir Arevolo, essa preocupação já começou por conta da má utilização das ferramentas sociais. “As pessoas estão banalizando, achando que nas redes sociais você pode escrever qualquer coisa”, conta.

Polêmica Digital

Recentemente, um caso que chamou a atenção no meio corporativo foi a demissão do diretor comercial da Locaweb, Alex Glikas, que ofendeu o São Paulo Futebol Clube no Twitter, após uma partida contra o Corinthians, time que o executivo é torcedor. O fator decisivo para o desgaste entre a empresa e o diretor ocorreu devido ao patrocínio da marca Locaweb na camisa do clube paulista. O caso despertou questões polêmicas envolvendo a liberdade de expressão. Enquanto uns defendem que opiniões postadas nas redes sociais tornam públicas informações desnecessárias, outros defendem que exigir “políticas de uso” para as redes sociais significa censurar o funcionário.
Para o consultor Waldir Arevolo, a questão não é proibir, mas ensinar o funcionário a utilizar o canal correto. “A empresa não quer calar, mas sim orientar sobre o que deve e pode ser feito com as ferramentas das redes sociais. Você troca um funcionário e ganha um colaborador”, explica.
Questões polêmicas envolvendo empresas e funcionários, no ambiente das redes sociais, têm ocorrido constantemente e, em alguns casos, chegam até ao ponto de causar demissões, como no caso do executivo da Locaweb. “Às vezes, a pessoa não sabe o tamanho do ruído que um comentário em uma rede social pode causar”, conta Waldir. Para evitar contratempos como este, os usuários devem pensar duas vezes antes de tornar pública alguma informação que possa prejudicar o seu perfil, seja ele funcionário ou candidato em busca de uma vaga de emprego.
Essa tendência de monitorar e levantar dados comportamentais nas redes sociais já é uma realidade. A preocupação das empresas em estudar as opiniões de determinados nichos de mercado pode guiar novas projeções e isso exige que os funcionários e candidatos também estejam antenados. “Através das redes sociais é possível criar verdadeiros vínculos de relacionamento com seus consumidores, através de um diálogo franco e transparente. É a transformação de um relacionamento meramente transacional e impessoal para algo realmente passional, constante e mais próximo”, explica o especialista em planejamento digital, Maurício Gouvea.
Para o especialista, a postura indevida nas redes sociais fez muitas empresas adotarem “códigos de conduta” na web. “Algumas empresas já desenvolveram, inclusive, diretrizes para as redes sociais com o objetivo de ajudar seus funcionários a se relacionarem no ambiente virtual”, destaca o especialista.
As discussões sobre a implantação de “políticas de uso” para as redes sociais, na opinião do consultor Waldir Arevolo, não existiriam se o mesmo procedimento fosse implantado em outros canais. “É preciso entender o objetivo da mensagem para criar uma política de comunicação que não seja aplicada apenas a um canal. Para que as pessoas saibam os diferentes tipos de relacionamentos sociais”, diz. Outra questão, é que algumas empresas proíbem os funcionários de utilizarem as redes sociais, o que já pode ser considerada como uma medida ultrapassada e que interfere na relação com os funcionários. Na opinião do consultor, isso estimula o surgimento de críticas. “Quando você sai da empresa, onde você não pode usar as redes sociais, você chega em casa e diz no Twitter: ainda bem que eu saí”, conta.

Como configurar um perfil atraente

A aplicação de medidas preventivas pode ser utilizada em favor dos candidatos que estão procurando uma vaga no mercado de trabalho, pois quem sair na frente e elaborar perfis engajados terá vantagens em processos futuros.
A operadora de produção, Helen do Amaral, que está desempregada no momento, entende a necessidade de se preocupar com o conteúdo postado na web, mas, também vê um pouco de invasão de privacidade na questão. “O candidato, às vezes, não espera que seus comentários ou coisas colocadas para pessoas que ele conhece possam ser vistos por outras pessoas que, futuramente, podem não escolhê-lo para um emprego apenas avaliando parte de sua intimidade”, observa.
Estar preparado para o mercado de trabalho é conhecer as exigências do mercado e ficar atento para não ser pego de surpresa. “As empresas estão cada vez mais preocupadas com o comportamento de seus funcionários nesses ambientes”, conta Maurício Gouvea.
Considerando a importância das redes sociais nos processos seletivos de hoje, o candidato deve estar atento para algumas informações que podem ser úteis durante a avaliação do seu conteúdo na web. De acordo com o consultor Waldir Arevolo, o candidato deve mostrar em seu perfil, no Orktu ou Facebook, por exemplo, que é uma pessoa atenta para as novidades que estão ocorrendo e manter sempre atualizadas as informações sobre leituras e cursos. “O emprego ocorre muito por causa da demonstração de motivação, ler diferentes tipos de leitura e mostrar o que você tem pesquisado”, destaca. Mas, é importante que o candidato jamais insira em seu perfil dados incorretos, apenas para “incrementar” o currículo. “É obrigatório falar a verdade porque tudo que você escreveu vai ser checado”, alerta.
O mercado de trabalho está cada vez mais exigente e as redes socais tanto podem ajudar o candidato a se destacar, com um perfil interessante e engajado, como podem prejudicá-lo, transmitindo uma percepção negativa para quem pretende contratar. No ambiente das redes sociais, é necessário ter muito cuidado para depois não se arrepender com o que foi escrito e atualizado.