quarta-feira, 26 de maio de 2010

Duas Coreias e um confronto

Guerra da Coreia (1950-1953)

Por Nilton Carvalho

O fim da Segunda Guerra Mundial dividiu o mundo em dois blocos políticos. Capitalistas de um lado e comunistas do outro, para ser mais preciso, Estados Unidos e aliados ocidentais contra a União Soviética e o bloco socialista, incluindo também a China. O destino da Coreia foi traçado, ou melhor, dividido justamente porque ambos os lados queriam disputar esse novo e promissor território comercial.

O inevitável confronto ocorreu em 1950 quando a Coreia do Norte, apoiada pelo bloco socialista, resolveu invadir Seul, capital da Coreia do Sul. A guerra se estendeu até 1953, ano em que as potências causadoras do conflito resolveram cessar fogo. Mas, as cicatrizes deixadas pelo tempo não foram esquecidas e refletem até os dias de hoje.

O cenário mundial mudo bastante, a Guerra Fria acabou e a tensão entre Estados Unidos e União Soviética não existe mais. Apesar das modificações geopolíticas a situação das Coreias continua tensa. Na última quinta-feira, 20 de maio, a Coreia do Sul acusou o governo de Pyongyang de atacar um navio sul-coreano deixando 46 mortos. O ataque supostamente teria ocorrido no dia 26 de março.

As evidências apresentadas aos aliados ocidentais provocaram discussões a respeito de “severas punições” contra o governo comunista. O governo norte-americano já afirmou que irá trabalhar em conjunto com a Coreia do Sul para que o caso seja levado ao Conselho de Segurança da ONU.

Enquanto os americanos tentam aprovar novas sanções ou, na pior das hipóteses, uma resposta bélica para a questão, as Coreias intensificam os exercícios militares num típico ensaio de guerra. Recentemente, o líder norte-coreano, Kim Jong-il, visitou a China, um de seus poucos aliados, para talvez buscar apoio em meio à tensão que ganhou força nos últimos dias.

O confronto militar não está descartado, já que se trata de uma questão histórica e que já passou por desfechos sangrentos nos anos 50. O governo da China, um dos membros do Conselho de Segurança da ONU, atuando como mediador seria uma boa alternativa. Enquanto a paz entre os dois países parece cada vez mais distante, uma nuvem de incertezas cobre o cenário político mundial, um espaço que parece ser pequeno demais para duas Coreias.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Redes sociais após a morte

Por Nilton Carvalho

Recentemente, li uma matéria no site do jornal Estado de São Paulo que me chamou a atenção. Alguns sites estão oferecendo um serviço inusitado, o gerenciamento de perfis póstumos nas redes sociais. E o mais incrível é que a tendência deve pegar.

Se o homem ainda não descobriu a receita para ter vida eterna, a febre das redes sociais acaba de quebrar mais um tabu. É claro que o assunto vai dar o que falar, mas não duvido que o serviço decole em redes como o Facebook e o Twitter.

Com serviços pra lá de inovadores, os sites oferecem até mesmo o envio de emails aos familiares que ficaram por aqui, em suas respectivas datas de aniversário. Quem já imaginou receber um "feliz aniversário" diretamente do além?

Um dos sites deste novo gênero, o MyLastEmail.com (olha só o nome!), se encarrega de enviar aos amigos e familiares um singelo email de despedida. Com tanta interação com o pessoal do outro lado, vai ter muito médium perdendo o emprego.

domingo, 9 de maio de 2010

A farra do jornalismo sem credibilidade

Por Nilton Carvalho

Na última semana, quem acompanha de perto o que acontece na grande imprensa notou uma série de discussões sobre a reportagem publicada na Veja, ano 43, nº18, intitulada como “A farra da antropologia oportunista”. Segundo o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, a revista teria publicado um depoimento dele sem que houvesse entrevista, ou seja, usaram as famosas aspas para algo que o antropólogo não falou.

Como se não bastasse, outra fonte citada na reportagem, o ex-presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, afirmou que também não deu nenhuma entrevista aos responsáveis pela matéria. Isso significa que, outra vez, a revista Veja comete sérios erros relacionados à ética que se deve seguir na prática do jornalismo.

Erros como este já fazem parte do “currículo” da revista, uma das mais importantes do país. Seguir uma linha editorial é uma coisa, deixar de cumprir regras básicas do jornalismo é outra. Reportagens que ouvem apenas fontes que defendem o mesmo ponto de vista e o uso constante de adjetivos nos textos comprometem a credibilidade da informação.

A revista deveria se pronunciar sobre essas graves acusações. Dar satisfação aos leitores é uma obrigação, principalmente, se tratando de uma revista que possui uma grande tiragem semanal. Para quem não sabe, jornalismo se faz com o maior nível de imparcialidade possível e o bom jornalista não defende este ou aquele interesse.

A repercussão negativa do fato mostra que tanto leitores quanto jornalistas estão de olho bem aberto para as gafes cometidas pela imprensa. Vale lembrar, que a internet proporciona uma facilidade muito grande na troca de informações. O que se erra hoje, no mesmo dia se questiona, e assim a falta de ética vai sendo descoberta. O jornalismo, às vezes, também é oportunista.