sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Valorizando o diploma perdido


Por Nilton Carvalho

Para muitos estudantes de jornalismo a decisão tomada em junho pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que derrubou a obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercer a profissão, soou como um desastre profissional.


Na última semana a comissão encarregada de desenvolver novos parâmetros para o curso de jornalismo, entregou algumas propostas ao ministro da Educação, Fernando Haddad. Uma das principais mudanças idealizadas pela comissão, cujo presidente é o professor José Marques de Melo, da Universidade Metodista de São Paulo, é a simultaneidade entre os ensinos teóricos e práticos, que juntos, dariam maior dinamismo ao curso.


Outra grande novidade pautada pela comissão é a separação do curso da área de Comunicação Social, reforçando a identidade com a autonomia de curso de Jornalismo, além do aumento das horas de 2,8 mil horas/aula para 3,2 mil horas/aula.O lado prático ficaria por conta de um estágio supervisionado pela universidade depois da conclusão do curso.


Obviamente que as medidas propostas pela comissão, que serão analisadas pelo Conselho Nacional da Educação, buscam aperfeiçoar o curso e torná-lo atrativo. Especialistas alertam sobre uma possível queda na procura dos cursos de jornalismo e é evidente que muitos alunos tenham se desmotivado após a decisão tomada pelo STF.


A grande polêmica que a decisão do Supremo Tribunal Federal despertou foi a necessidade do diploma para exercer a profissão jornalista. Levando em consideração os atributos técnicos obrigatórios, somente possuir o diploma não “forma” jornalistas de verdade. A vocação, muitas vezes aparece de maneira espontânea e, quando lapidada, se torna um talento de grande valor.


Por outro lado, a regulamentação profissional junto ao Ministério do Trabalho é necessária para definir a identidade de uma profissão que valoriza o conhecimento amplo da sociedade e das linguagens da comunicação. O diploma não forma o jornalista, apenas o direciona abrindo um universo de possibilidades para que ele desenvolva seu trabalho.


Reservar o mercado de trabalho apenas para jornalistas graduados exclui possibilidades como Norman Maileir e Truman Capote, que podem surgir de uma simples vocação, e se tornarem grandes profissionais. O jornalismo precisa ser regularizado como profissão, mas também maleável, sabendo reconhecer outros tipos de perfis profissionais, para que o jornalista continue sendo um importante comunicador social.

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