quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A queda do "Belas Artes"

Cine Belas Artes, durante os anos 90


Por Nilton Carvalho


A cidade de São Paulo possui diversos pontos turísticos, lugares onde é possível entrar em contato com a história, através de lembranças que despertam sentimentos. O Cine Belas Artes é, sem dúvida, um desses espaços, mas infelizmente está prestes a dar o último suspiro.

O proprietário André Sturm recebeu uma notificação em dezembro, alegando que o imóvel deveria ser desocupado até fevereiro. O dono do imóvel, Flávio Maluf, deseja abrir uma loja no local e decidiu acabar com um dos cinemas mais tradicionais de São Paulo.

O Belas Artes atravessava uma crise financeira, após ter perdido o patrocínio do banco HSBC. Desde então, Sturm passou a correr contra o tempo para não perder o espaço. O patrocínio veio em novembro, mas como no mundo capitalista ‘tempo é dinheiro”, o proprietário Flávio Maluf já havia traçado o triste destino do cinema.

A postura artística e apaixonada pela sétima arte sempre foi a marca registrada do Belas Artes. Na década de setenta, foram exibidos clássicos de Fellini e Antonioni em suas salas. Hoje, o cinema é conhecido por deixar os filmes, de grande bilheteria, durante um longo período em cartaz, fazendo com que o filme conquiste ainda mais o público. Um exemplo de paixão pelo cinema.

É difícil imaginar a esquina da Paulista com a Consolação sem o Belas Artes. Apesar dos protestos, que devem ocorrer ao longo do mês de janeiro, o cinema vai mesmo abandonar o local. Nem mesmo o valor cultural e artístico parece ser páreo para o poder exercido pelo dinheiro na sociedade.

As inúmeras histórias vividas pelos cinéfilos apaixonados, que um dia passaram pelo Cine Belas Artes, ficaram sem passado e temem pelo futuro incerto. Mesmo que o proprietário André Sturm encontre logo um novo espaço, o antigo endereço do cinema será para sempre um cartão postal apagado.

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